Perda Auditiva no Diabetes
Nas pessoas com diabetes podem ocorrer sintomas otoneurológicos como vertigens, tonturas não rotatórias, perda auditiva, flutuação da audição, sensação de orelhas tapadas e zumbido.
O labirinto é a região do ouvido interno ligada à audição, noção de equilíbrio e percepção da posição do corpo. É dividido em duas partes: o labirinto posterior, responsável por fornecer nosso equilíbrio; nele se localizam a endolinfa e células nervosas, que informam a posição da cabeça em relação ao corpo. O labirinto anterior acomoda as estruturas nervosas, que transmitem os impulsos auditivos.
São várias as causas das doenças labirínticas. Tonturas e vertigens podem significar o primeiro sinal de alguma doença importante. Nosso ouvido é um consumidor de energia e depende de suprimento constante de açúcar e oxigênio; qualquer fator que impeça a chegada ou o consumo adequado desses elementos pode acarretar sintomas otoneurológicos, dentre eles a tontura, sintoma que ocorre após ficarmos muito tempo em jejum.
Outros sintomas das doenças do labirinto comumente encontrados são: vertigem, desequilíbrio, náusea, fraqueza, dificuldade de concentração, turvação visual, principalmente após movimentos rápidos com a cabeça, zumbido e sensação de ouvido tampado.
Entre as inúmeras causas de problemas labirínticos, podemos citar: doenças sistêmicas como diabetes, hipertensão, reumatismos; uso de drogas chamadas ototóxicas, como alguns antibióticos e anti-inflamatórios que alteram as funções do ouvido; alterações bruscas da pressão barométrica, como no mergulho e nos aviões; hábitos como a ingestão excessiva de doces, cafeína, tabagismo, álcool e drogas; traumas sonoros; entre outros.
“A associação entre diabetes mellitus e perda auditiva é observada principalmente em doenças genéticas como a Síndrome de Wolfram, condição neurodegenerativa progressiva de herança autossômica recessiva, caracterizada por diabetes insipidus, diabetes mellitus, atrofia óptica e perda auditiva neurossensorial. Algumas doenças de origem mitocondrial também envolvem perda auditiva e diabetes”, enfatiza Dr. Gustavo Polacow Korn, doutor em otorrinolaringologia pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Em uma revisão procurando relação “causa e efeito” entre diabetes mellitus e perda auditiva, a angiopatia e a neuropatia diabéticas foram responsabilizadas.
A associação entre diabetes e perda auditiva neurossensorial foi verificada principalmente nas frequências agudas. Pessoas com diabetes com idade de 60 anos ou até menos podem apresentar perda auditiva precoce em altas frequências, similar à presbiacusia precoce. Mais comum em pessoas com diabetes do que naquelas que não possuem a condição, a gravidade da perda auditiva parece correlacionar-se com a progressão da doença, refletida pela elevação da creatinina sérica, podendo ser decorrente da microangiopatia.
“Foi observado em crianças com diabetes tipo I que a perda auditiva ocorre precocemente e está relacionada à duração da doença, ao grau de controle metabólico (especificamente à hemoglobina glicada) e à presença de complicações angiopáticas. O controle glicêmico pode prevenir ou protelar a perda auditiva”, ressalta o médico.
Quanto à surdez súbita, pessoas com diabetes são mais propensos em desenvolvê-la e o risco aumenta com o aparecimento de comorbidades como coronariopatia ou retinopatia.
A presença dos sintomas acima descritos interfere na qualidade de vida dos pacientes com diabetes. “O controle da glicemia associado à reabilitação auditiva e à terapia otoneurológica são fundamentais para o tratamento das alterações auditivas e do equilíbrio corporal em pessoas com diabetes”, explica Dr. Gustavo Polacow Korn.